dezembro 16, 2004

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Lisboa, 2004


Sorris-me alegre na rua mas sei que há noites em que te sentes tão só que te assustas com a sombra da tua própria solidão: choras palavras erradas, destinos cruzados, dias cinzentos, lembranças do mar.
Aceno-te de longe e nunca me aproximo. Fazes do abismo um caminho. Nunca tropeças: sei que estás convencida que o mundo é infinito mas não o suficiente. Soluças e vagueias. Fazes do tempo um eterno inimigo enquanto esperas amanhecer. Adormeces no reflexo da lua vaga e às vezes não acordas. Enquanto limpas as feridas, perguntas-me divertida se a memória é solúvel em água. Eu desvio os olhos e calo-me baixinho. Há perguntas que são respostas.
Quem te partiu em dois?
Última chamada para o teu destino. Que se foda.
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2 comentários:

m disse...

que se foda, este post é aquele que não me deixa, não me deixa mais. este texto é o avião onde me abracei.
há quase um ano que o trago -sem poder- na parte de trás da cabeça, ou no ventriloco errado do coraçao, é a mesma coisa.

Não sei se vais algum dia ler isto mas que se foda, este é o post mais terrivel e mais bonito.

Baggio disse...

Obrigado