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Lisboa, 2005
Numa noite de Inverno, um velho muito velho folheia o caderno onde assentou, com uma letra pesada e miudinha, todas as promessas que lhe fizeram & tenta, em vão, lembrar-se de uma canção de embalar. Cantada numa voz rouca de outra idade. As pessoas que guardam as cinzas do último cigarro olham o céu cinzento de olhos fechados e pensam que tudo passa. Agradecem e decoram rosários, de olhos parados. Nunca ninguém sabe o que leva os outros a deitar tudo a perder. O desejo, quando morre, perde as asas e ganha feições enviuvadas. «A vida vai torta» assobia imóvel o velho muito velho, enquanto se levanta com os sons da manhã e acena às viúvas à janela, à espreita do outro lado da noite
(no fundo da rua).
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2 comentários:
...vai torta,como o horizonte da imagem que tanto queremos ver de olhos fechados.e se não fomos tantas vezes esse velho muito velho
...é porque nunca nos foram deixadas promessas do outro lado da rua...no fundo da noite.
tocas com uma Lomo em tudo
o que reparas e escreves
"sem interferências"...
escreve mais.devias.um beijo.
Acho que peguei nas tuas palavras e escrevi o 2º capítulo ...
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